terça-feira, 22 de setembro de 2009

Passatempos

Toda a gente tem passatempos, variadíssimos às vezes, passatempos que podem ser para apenas passar o tempo ou então são para descarregar muito do stress do dia, semana, etc. Os passatempos tendem a ter a maravilhosa vantagem de agarrar as pessoas de uma maneira que tudo à sua volta se fecha por momentos, deixam as pessoas de tal maneira concentradas no seu passatempo que sem darem por nada já não pensam, já não se enervam, já não falam, desligam-se completamente do mundo e só voltam a pousar os pés nele quando esse passatempo decide acabar ou ter a sua pausa do momento. É sem dúvida maravilhoso conseguir arrancar assim uns pedaços do dia que apesar de ocuparem parte do tempo real parece que se tornam momentos que apenas tocam um tempo diferente, onde os ponteiros se despregam do relógio e esse tal tempo se mantém a andar para a que cada minuto, cada segundo que passa seja prolongado e prolongado no espaço e tempo. Não é ver o tempo parar, é muito mais... não é fixar um momento, não é ser a recordação ou a imagem de um pequeno momento, é vivê-lo... é ele ser vivido no tempo, neste tempo diferente em que cada segundo podemos fazer horas e de cada hora podemos viver dias. Como já disse as maneiras que temos de poder agarrar assim estes pequenos bocados de algo mais são inúmeras... há quem leia, há quem escreva, há quem escute música, há quem a cante, há quem reze, há quem corra, há quem jogue até, há quem relaxe num sítio especial, há quem vá ao cinema, há quem saia com os amigos, etc. Um dos passatempos que muitas vezes me tem feito voar assim por uns momentinhos tem sido a lua que não hesita em dar sinais da sua presença quase todos os dias. Sinceramente começou como uma cena despropositada à já muito tempo que depois começou por ser quase uma necessidade... é algo que não é muito difícil de se conseguir felizmente, não é preciso um local especial e o tempo que temos para o fazer chega bem para a dose diária. Não é nada de especial, não relaxa mais o corpo que umas horitas de massagem, não nos organiza mais rápido, digamos, as confusões da nossa cabecinha, existem muitas outras maneiras de se calhar relaxar melhor em relação a alguns assuntos. Mas este é aquele que me tem cativado, tirar uns breves segundos ou minutos para contemplar aquele redondo brilhante pregado lá em cima no céu... não faz barulhos, apenas traz o silêncio da noite e tudo o que sejam vozes da nossa cabeça, cansaço no nossos corpo acabam por apaziguar. Quer seja a contemplar da janela do quarto ou da varanda de casa, quer seja do banco da rua ou da cadeira do café, ou até mesmo ao andar... que acho que consegue ser das melhores visões. Felizmente Vila Real consegue ainda proporcionar tais momentos, felizmente esta cidade consegue ter o tamanho ideal e as características ideais para a vivência destes momentos... eu já perdi a conta às vezes em que dei por mim a contemplar este luar às tantas horas da madrugada sem ter que me preocupar com mais nada que não seja isso. Muitas vezes dei por mim a caminhar pelas ruas mais percorridas desta cidade sem ver uma única alma viva, com a lua como companhia no caminho para casa... ver como o luar ilumina a calçada das ruas de Vila Real, como o silêncio nos faz ouvir o sopro do vento ao virar a esquina é mesmo qualquer coisa. É daqueles passatempos que espero que a minha cidade não vá perdendo, porque ainda espero pisar muitas vezes o silêncio do luar ao longo da minha vida... a verdadeira "companheira da noite", que não nos faz mal ao corpo nem a alma. Ela abre-nos as portas de um novo mundo... de um mundo ideal, em que tudo se torna possível, satisfaz os desejos de todos os seus admiradores. Mesmo que por vezes ela não se mostre, ela não deixa de oferecer o espaço e tempo que cada um precisa... o simples passeador não deixa de conseguir a sua luminosa calçada, os amantes da vida boémia não deixam de ter onde se divertir, o casal de apaixonados não deixa de ter o seu espacinho onde conseguem dançar ao som da mesma música, os mais cansados não deixam de ter o seu merecido descanso sem perturbações e os mais velhinhos não deixam de ter a doce brisa da noite a entrar pelas suas salas adentro. É um passatempo de todos e para todos, oferecido pela lua, pela noite e por tudo o que trazem consigo... a chuva que enche rios e faz a cidade brilhar, o calor que nos faz abrir as janelas e dá vontade de dormir nas pedras da cidade, a neve que deixa tão belo manto nela, o frio que nos faz encher de mantas em frente a lareira ou aquecedor com um café quentinho nas mãos, ou a frescura de uma brisa que nos faz pequenas e tão doces cócegas atrás das orelhas... a lua sabe muito bem o quanto deve iluminar em cada noite e sabe mesmo como ser o espelho de tudo o que há de bom, de tudo o que queremos ver reflectido...

1 comentário:

Ana Patrícia disse...

:) Tenho uma visão da lua bem diferente da tua, mas gostei de ler a tua, talvez agora quando a voltar a ver, a observe de modo diferente...
O luar arrepia-me, tenho medo dele e assuta-me por vezes aquele brilho "mortiço" que a lua reflecte... :)

Beijinho